Ano letivo recupera-se, vidas não!
A volta às aulas no país, tornou-se na última semana uma discussão não apenas científica, mas ganhou corpo e se estendeu as redes socias e nas conversas de professores, pais, alunos e população no geral. A preocupação com o tema gerou discussões acaloradas e a ciência tentou explicar de forma detalhada e didática o que enfrentaríamos com a volta às aulas de forma precoce em um país que apresenta os seguintes dados:
• Aproximadamente 84 mil mortes pela covid-19 no Brasil;
• Dois milhões e 300 mil infectados;
• 60 mil contágios confirmados em um único dia;
• 1311 mortes nas últimas 24 horas;
• Em São Paulo quase 21 mil mortos, nas últimas 24 horas 362 óbitos;
• Em Osasco, 588 mortes, aproximadamente 10 mil casos e 5 óbitos nas últimas 24 horas. ( Fonte: Boletim Coronavírus de 22/07/2020)
• Segundo país com o maior número de mortos no mundo, ficando atrás apenas dos EUA.
(Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) em 23/07/2020)
Os dados acima refletem números de guerra, contra um vírus destruidor que está dizimando milhares de pessoas em nosso país, pessoas essas com rostos, família, profissão e toda uma história atrás do número que os representam. Parece, que tais dados não impressionam governantes de Estados e Municípios, o poder Executivo, juntamente com seus secretários de educação insistem em dizer que o momento é seguro para as aulas retornarem ao seu normal, aulas presenciais e seguindo supostos protocolos de segurança.
Em pesquisa divulgada, ontem, 23 de julho, a FIOCRUZ estima que o retorno às aulas pode causar mais 9,3 milhões de contaminações, mesmo seguindo as supostas normas de segurança, número esse que representa 4,4% da população total do país, sendo eles: alunos, professores, gestores, funcionários e familiares.
A pesquisa, liderada pela FIOCRUZ, analisou dados da PNS(Pesquisa Nacional de Saúde) 2013 e cita que no Estado de São Paulo o número de contaminados pode chegar a incríveis 2,1 milhões da população, a pesquisa aponta como um ABSURDO o retorno às aulas em um momento que o número de mortes e contaminados bate recordes simultâneos.
Ao analisarmos friamente as propostas dos nobres governantes, verificamos que muitas decisões estão ancoradas em pressões dos empresários das escolas particulares, pressão dos negacionistas de plantão que acreditam que a pandemia está controlada ou que a mesma não existe, ou, simplesmente, porque almejam a reeleição na próxima votação.
Todos os conhecedores da dura realidade da escola pública sabem que falta papel higiênico, detergente, água nas torneiras e produtos básicos de limpeza e tem a noção que tais protocolos de segurança só existem no papel ou na cabeça de quem nunca viveu a realidade da escola pública, acreditamos que tais propostas foram elaboradas por pessoas que nunca pisaram em uma creche, não conhecem os números de alunos por sala na educação infantil e ensino fundamental e nunca pararam para analisar a precariedade de salas e escolas em nosso município.
A ciência e os pesquisadores são categóricos em afirmar que o risco em voltar às aulas é imenso e nosso sistema de saúde não estará preparado para suportar a quantidade de novos casos e afirmam que nesse momento a única saída é a suspensão total das aulas, pelo menos até termos uma vacina eficiente contra o vírus. Na França e na Coréia do Sul, a retomada foi considerada equivocada por cientistas e especialistas em educação, em poucas semanas as aulas foram suspensas novamente pelo alto índice de novas contaminações.
Em nosso país, a ciência está sendo deixada de lado e as decisões estão sendo meramente políticas, fato que colocará em riscos à saúde de milhões de brasileiros, precisamos nos unir e dizer NÃO a mais essa barbaridade.
A APOS já deixou claro sua posição, NÃO ACEITAREMOS VOLTAR ÀS AULAS NA SITUAÇÃO ATUAL, iremos defender a saúde e a vida de todos os alunos, professores e profissionais da educação.
Cobramos do prefeito de Osasco e do Secretário de Educação uma postura firme que preserve vidas e que prevaleça a ciência e suas indicações para evitar mais essa tragédia anunciada.
Faça parte da nossa luta, compartilhe os informativos e se una nessa grande batalha que é de todos nós.